25/05/2010

Stanley Kubrick

Perfeccionismo. Talvez essa seja uma das palavras que melhor descreve o trabalho de Stanley Kubrick. O extremo cuidado com cada elemento da imagem e a fantástica habilidade com a câmera marcaram a carreira deste que se tornou um dos maiores diretores da história.

A vida de cineasta começou cedo. Com 22 anos dirigiu alguns curta-metragens. Aos 25 realizou seu primeiro longa, mas foi aos 28, com "The Killing" (O grande golpe) que Kubrick tornou-se um diretor admirado.

O que poucos sabem é que antes de se tornar diretor, Kubrick trabalhou como fotógrafo para uma conceituada revista. Alí surgia um novo olhar e uma admirada forma de enquadrar a vida.

Além da estética, Kubrick sempre foi criterioso com as atuações em seus filmes. Em "O Iluminado", a atriz Shelley Duvall teve que repetir 127 vezes a mesma cena até que o diretor aprovasse. Ela pediu para que as gravações encerrassem, mas não foi atendida. Kubrick nunca foi agradável com seus atores.

Em Laranja Mecânica (1971) o mundo se chocou com a violência nua e gratuita dos "droogies". A direção refinada ganhou força com a excepcional atuação de Malcolm McDowell que ficou temporariamente cego após arranhar a córnea em uma cena em que Alex é submetido ao tratamento Ludovico. Além da cegueira, McDowell também teve as costelas quebradas e quase se afogou durante as filmagens.

Kubrick não era uma pessoa fácil de lidar. Assim como alguns outros gênios, era recluso e reservado, negando-se a dar entrevistas ou participar de eventos sociais. Além de sofrer de insônia, foi diagnosticado como portador de autismo (alteração que afeta a capacidade de comunicação). Talvez por isso, criou vários inimigos ao longo de sua vida.

Mas Kubrick era indiscutivelmente um artista. "2001: Uma Odisséia no Espaço" é um marco na história do cinema. Os truques de filmagem, os efeitos visuais, o corte temporal do roteiro e a belíssima trilha sonora são estudados até hoje em todas as escolas de cinema do mundo. Sua facilidade em transformar histórias em filme ainda é impressionante. Em todos os seus filmes é visível a grandeza e a força da direção. Seus projetos tinham foco e sua mensagem era transmitida de forma única e maestral.

Extremamente criativo e inteligente, Stanley Kubrick deixou uma obra repleta de filmes ímpares e atemporais. Lições de preciosismo estético e direção refinada não faltam: Barry Lyndon (1975) tem a mais pura técnica cinematográfica explorada. A filmagem e a montagem são clássicas e casam-se perfeitamente com a fotografia suave do filme (na época foi dito que todas as cenas foram filmadas com iluminação natural - o que gerou um grande fascínio por seu domínio técnico). Em contrapartida, Full Metal Jacket (em português "Nascido para Matar") trata da desumanização (tema recorrente em sua obra) dos soldados enviados à guerra do Vietnã. O filme foi tido por muitos como um dos melhores já feitos na década de 80 e ainda impressiona pela capacidade de gerar tensão não apenas nos momentos de ação, mas também em cenas de efeito psicológico e simbolismos explorados durante toda a trama.

Sua carreira chegou ao final em 1999 depois de dois anos de filmagens do seu último longa, "De Olhos Bem Fechados". O filme teve uma das maiores arrecadações da época, mas Kubrick faleceu repentinamente, vítima de um ataque cardíaco no dia 7 de março de 1999, não podendo acompanhar a repercussão do seu último trabalho.

Este é um dos meus diretores favoritos. Um dos mais densos e intensos mestres da sétima arte.

2 comentários:

  1. É impressionante mesmo. Show de competência. Muito legal saber de curiosidades dos bastidores de "laranja mecânica".
    beijão.

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  2. Oi Sandro!

    Bela síntese do Kubrick e introdução referente aos trailers promocionais. Na verdade eu gosto mais do Teaser que dá uma pílula/idéia do filme.

    Quanto ao trailer do ILUMINADO, eu acho brilhante. A cena do sangue no elevador é um trabalho de gênio.

    E o que mais dizer do Kubrick? Um cineasta que com certeza não conhecia a palavra atalho e fez durante toda a sua vida filmes que marcaram épocas em cada década. Seu perfeccionismo valeu à pena, muito embora, tenha dificultado a realização de alguns projetos que nunca foram feitos. O que me frustra!

    É difícil escolher um filme. Em particular, compartilho das curiosidades da vida e obra do Kubrick que você postou. Um dos maiores cineastas de todos os tempos, sem dúvida, perto de Hitchcock, o meu favorito!

    Abs,
    Rodrigo

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