29/07/2010

É tudo mentira!

Atualmente eu me atrevo a dizer que tudo é possível de ser feito (e bem feito!) no cinema. Com ajuda de computação gráfica, elementos 3d, 2d e  truques de câmera, um cineasta tem em suas mãos infinitas possibilidades. Basta saber utilizar e empregar com critério esses efeitos para conseguir enganar o público! Essa demo mostra alguns segredos da série 24 horas. Chroma, rotoscopia e computação gráfica foram indispensáveis praticamente o tempo inteiro.

      

Bom, já disse aqui que trabalho com pós-produção, né? E, apesar de adorar os efeitos atuais, me encanto com os velhos truques de diretores de outros tempos, como Orson Welles (Cidadão Kane seria inviável se não fossem os truques), Hitchcock (gênio! Talvez o maior "enganador" do cinema) e Chaplin, por exemplo.

Ainda sobre a arte de enganar, já produzi alguns vídeos e curtas que pude empregar algumas técnicas. Postei esse vídeo um tempo atrás, mas cabe postá-lo de novo! É um making of de uma cena que fiz. Dá uma olhada e me diga se eu consegui te enganar!

      


28/07/2010

Eu indico!


Roteiro brilhante, direção inteligente, personagens interessantes e atuações impecáveis. Essa frase resume a minha avaliação do mais recente longa de Woody Allen. "Whatever works" tem diversos acertos como as  impagáveis tiradas do velho mau-humorado mais simpático que já vi, Boris Yellnikoff. As mudanças drásticas no percurso dos personagens também empolgam (e divertem!) mas abrem uma fresta para críticas. Bom, eu não ouso criticar um gênio! Prefiro apenas informar minha opinião e indicar a todos essa maravilhosa e refinada comédia de Woody Allen!

27/07/2010

Técnica x Emoção

Hoje eu vou postar dois vídeos que me chamaram atenção nesses últimos dias. O primeiro conta a história da evolução da vida na Terra de uma forma bem peculiar. O diretor usou a técnica do "stop motion" (coincidentemente estou fazendo um vídeo de stop motion também!) para contar a história. Sem dúvida um dos melhores vídeos que já vi com essa técnica. O resultado impressiona, pois são quase 10 minutos editados de fotografias, sons e pinturas. Tudo com um ótimo fluxo de imagens e rítmo de narração. 

                     

O segundo vídeo não tem quase nada de técnica. É puramente emoção em cortes secos. Mas nem por isso é menos interessante. O curta é uma adaptação de uma peça teatral e tem grande capacidade de envolver, emocionar e causar identificação com o espectador. Dá uma olhada!


      

Depois de assistir a esse duelo de estilos, fica claro - para mim - que não importa se um vídeo ou filme é técnico ou emocional e sim o alcance do objetivo. O que difere entre o bom e o mau trabalho é a consciência das ferramentas que você está disposto a usar. Todo diretor que deseja construir uma obra coerênte, deve partir de uma simples pergunta: o que você quer dizer? Ao responder essa questão, outras perguntas virão e as escolhas serão feitas de forma mais lúcida - o que garante à obra, a condição ideal para transmitir a uma mensagem.

26/07/2010

Regra número 1: o espectador não é burro!

Por onde começar?  "O Nevoeiro"  é um filme americano, feito em 2008 a partir de uma adaptação do livro escrito por Stephen King.

Após uma violenta tempestade, David e Billy (pai e filho) se dirigem a um supermercado em busca de suprimentos. De repente, um nevoeiro encobre a região e de lá surgem criaturas estranhas que causam mortes e tragédias.  Várias pessoas ficam presas nesse supermercado e, buscando a salvação, iniciam um conflito interpessoal.

A história não é tão ruim (adaptada da obra de Stephen King), mas a maneira como o diretor desenvolveu o tema foi, no mínimo, desastrosa. Desde o início, os argumentos que alimentam as discussões - e tentam fazer a história progredir - são fracos e infantis. É clara a investida do diretor em dar destaque para os problemas pessoais, as divergências (religião x razão) e as questões mal resolvidas entre os personagens. Mas o que não fica claro são os diálogos  superficiais e a incrível capacidade dos personagens não nos despertarem simpatia.

Veja bem: temos um pai de família que está isolado num supermercado com seu fliho e longe de sua mulher. No início do filme, é possível ver que ele a ama e tem uma ótima relação de casal. Pois bem. Durante todo o tempo em que os monstros estão à solta pela cidade atacando os mortais, há apenas um único momento de referência à esposa, em que ele diz para seu filho que "aposta que ela está bem" e nunca mais se toca no assunto (salvo o final em que... bom, o final eu falo mais pra frente).

Além disso, em quase todos os momentos de ataque dos monstros, Billy  está longe de seu pai - que insiste em deixá-lo nos  braços de uma idosa e, mais tarde, nos braços de uma mulher loira recém conhecida. E,

Piratas do Caribe!

Finalmente saiu um teaser de "Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides". Alguém está ansioso para ver?

              

A estréia está prevista para 2011.

24/07/2010

7 anos depois...



Há alguns anos (sete, para ser mais exato) escrevi algumas palavras sobre a minha primeira impressão em relação à vida na "cidade grande". Isso aconteceu quando eu tinha 17 anos e arrumei minhas malas rumo a Belo Horizonte. As palavras se juntaram e com algum esforço tornaram-se texto.

Nessa semana comecei a transformar esse texto em uma obra audiovisual. Resgatei, sem dificuldade, os meus sentimentos, encantos e medos esquecidos. E dentro de alguns dias devo apresentar esse meu olhar antigo - mas sincero - sobre a cidade que vivo.

Aguardem. "Cosmopolita" está, finalmente, nascendo!

23/07/2010

Enquanto isso...

O tão esperado filme da Bruna Surfistinha já tem trailer teaser. O vídeo teve mais de um milhão de acessos em apenas 24 horas. Ê povo pra gostar de polêmica!


       

A estréia está prevista para o dia 25 de fevereiro de 2011.

21/07/2010

Hitchcock Atual


Cada tempo tem sua linguagem. Foi pensando nisso que um fã da sétima arte criou um trailer do filme "Os Pássaros", de Hitchcock, nos moldes atuais (eu já falei o que eu acho dos trailers holywodianos atuais neste post). Mas dou o mérito pelo trabalho porque ficou realmente muito bom. Ele selecionou cenas de impacto e sincronizou a edição com uma trilha sonora bem característica (detalhe: no filme, Hitchcock optou por não utilizar trilha alguma). Para ver o resultado, clique nesse link aqui.

20/07/2010

The Social Network

O Facebook virou filme! E se prevermos a obra pelo trailer, um bom filme vem por aí. Repare na trilha sonora e na edição. Fantástico!

     

The Social Network estréia em outubro nos Estados Unidos.

19/07/2010

O Mágico de Oz


Um exemplo clássico do uso ideal da técnica em harmonia com o roteiro e a atuação. Em "O mágico de Oz" nada é por acaso. Um filme inteiramente pensado em todos os aspectos que cercam a imagem em movimento.

Poderia ser mais um filme infantil, mas a transgressão foi definitivamente atingida quando, por exemplo, Dorothy (a protagonista) canta "Somewhere over the rainbow" em um dos momentos mais tocantes do cinema.

Uma cena relativamente simples, mas com cuidado técnico e artístico impecável. O movimento de câmera suave, a bela composição visual, a iluminação e o enquadramento pertinente se somaram à melodia triste e ao olhar inocente da personagem.

É impossível não se encantar com essa e muitas outras cenas do filme. Durante as aventuras no mundo imaginário, os efeitos visuais impressionam principalmente por cumprirem de forma elegante o seu papel: dar emoção à história e não chamar mais atenção do que o próprio filme.

Os recursos visuais (utilização da cor como transição dos mundos, estúdios enormes que interagem com cenários, sobreposição de vídeos) mostram a grandeza do filme na época. Mas foi depois de finalizado que o filme mostrou sua força. "O mágico de Oz" concorreu a 6 oscars e é tido até hoje como um dos melhores filmes já feitos. Para muitos críticos, atingiu o status de obra de arte.

Para mim, um filme que marca boas atuações, tem um roteiro bem resolvido, uma direção correta, pensada e cuidadosa e, por fim, uma fotografia maravilhosa. Além disso, o filme atingiu um nível artístico muito grande e conseguiu transgredir a forma, se revelando mais do que um longa, uma obra eternizada.

18/07/2010

Livro!


Finalmente consegui comprar o "HITCHCOCK TRUFFAUT ENTREVISTAS". Um livro que compila uma série de entrevistas de Alfred Hitchcock realizadas nas décadas de 50 e 60 por François Truffaut. Com o objetivo de mudar a opinião dos críticos que na época julgavam o trabalho de Hitchcock como mediano e comercial, Truffaut propôs ao diretor inglês que respondesse 500 perguntas sobre suas obras. O resultado foi um dos livros mais importantes do gênero, um guia para estudantes e entusiastas do cinema.

15/07/2010

Viajo porque preciso, volto porque te amo


Um filme difícil para os espectadores mais acostumados com ritmo rápido e informações já mastigadas dos longas enlatados. A imagem, no filme, além de completar, diz muito mais do que a própria narração do personagem principal.

Bom, para ficar mais fácil, a história é a seguinte: um geólogo viaja pelo interior do nordeste para avaliar as condições dos terrenos onde as águas de um rio serão transpostas.

A primeira vista, o filme é um registro técnico da viagem e um diário audiovisual do personagem. Mas, aos poucos é perceptível o mergulho na alma de José Renato através das narrações e principalmente pela justaposição das imagens.

A viagem é, na verdade, uma fuga da realidade. José Renato foge tanto, que seu rosto não aparece um momento sequer durante o filme todo. E é durante os 75 minutos do longa que percebemos a evolução do seu estado emocional.

No início, a negação. José Renato narra cartas apaixonadas como se amasse a esposa e fosse correspondido. A autenticidade do sentimento e das cartas é questionável, pois a narração é dura, robotizada, enfim, sem emoção verdadeira. Depois de alguns minutos de cartas fictícias embaladas por músicas bregas, o tédio surge. As paisagens, a estrada e os dias ali parecem ser sempre os mesmos. O desprezo pela região em que ele está percorrendo é notável.

13/07/2010

Efeitos visuais a moda antiga

Nesse primeiro video, experimentei um efeito visual muito simples: o corte. Não há cromas nem nada. Apenas o bom e velho corte seco. Mas vale lembrar que para dar certo é importante que o cenário tenha sempre a mesma iluminação e a câmera não deve se mexer. Foi justamente desafiando isso que escolhi esse muro como cenário: além de ser bem colorido (o que ajuda caso haja algum defeito para corrigir), ele fica num ambiente externo, ou seja: a iluminação muda o tempo todo. Agarrei o desafio e está aí o resultado!

              


Nesse segundo vídeo, novamente usei apenas o corte seco para me "transportar" para outro cenário. Nada de croma ou rotoscopia. O máximo que usei de efeito visual foi o "lens flare" no meu dedo para dar uma graça a mais na história. Check it out!

              

09/07/2010

João Moreira Salles

João Moreira Salles explica como ingressou no mundo audiovisual e discute sobre o fazer documentário.


           

07/07/2010

Com Outros Olhos

Um garoto perde a visão recentemente e isola-se em seu quarto. Forçado a enfrentar estranhos ruídos que o atormentam, ele descobre que é possível adaptar-se à sua nova condição.

Nesse curta, feito em julho de 2009, fiquei responsável pela direção de fotografia e pela edição. A iluminação transmite, em alguns momentos, o estado depressivo do personagem. As cores (tons pastéis, monocromia) e os planos mais longos também colaboram para expor a condição psicológica do garoto. Por falar nele, o ator Guillermo Hundadze, me impressionou pela ótima atuação! Atualmente ele está trabalhando na novela "Passione" da Globo. Sucesso!

Com Outros Olhos foi selecionado pelo Festin Festival (Festival de Cinema Itinerante de Língua Portuguesa) em Portugal, onde concorreu na categoria "curtametragem" pelo juri popular.


                

06/07/2010

Composição de cena

Compor uma cena não é apenas torná-la mais bonita e agradável, mas também dar sentido e clareza aos acontecimentos. Hoje em dia é possível alterar completamente o cenário de um filme na pós-produção, mas isso só deve ser feito depois de avaliada a impossibilidade de compor o set, por exemplo, no caso de restrições no orçamento ou dificuldade para dispor os objetos de cena e os elementos visuais no set. 

Para deixar a coisa mais clara, apliquei esses conceitos em um cena rápida que filmei nesse final de semana. Era preciso causar suspense e ambientar o cenário de forma mais misteriosa. Dá uma olhada no resultado!

     

Para compor a cena, utilizei animação 2d, montagem e rotoscopia.

03/07/2010

O Futebol no Cinema

O Brasil voltou mais cedo da África, mas o clima ainda é de Copa do Mundo! Por isso resolvi dedicar um post aos filmes que tem como tema o futebol.

Em geral, os filmes com essa temática não empolgam e não se tornam referências ou blockbusters mundiais. Talvez porque as grandes produtoras são americanas e nos EUA não existe uma forte tradição nesse esporte. Mas e em relação ao cinema nacional? Talvez exista uma grande dificuldade em retratar as emoções dos torcedores (já que a paixão do brasileiro é grande) ou até mesmo em reproduzir as jogadas geniais de Pelé, por exemplo.

O fato é que existem sim algumas exceções! Vamos a elas?

Garrincha - Alegria do Povo (1962) foi um dos primeiros documentários feitos sobre o tema no Brasil. A obra retrata os feitos do craque Garrincha e o impacto gerado nos torcedores depois da vitória do Brasil nos mundiais de 1958 e 1962. O documentário é lembrado até hoje como um dos melhores feitos sobre um atleta nacional.

Todos os Corações do Mundo (1995) revive os jogos e principalmente os bastidores da copa de 1994. O documentário, produzido pelo brasileiro Murilo Salles, é uma produção oficial da FIFA e foi muito bem recebido pela crítica da época.

Linha de Passe (2006) conta a história de Dario, um jovem carente que vive na periferia e enfrenta as etapas necessárias para tentar se tornar jogador profissional. Salles afirma que escolheu o tema baseado em dois documentários dirigidos por seu irmão João Moreira Salles. O filme conquistou a Palma de Ouro em Cannes com a atuação de atriz Sandra Corveloni.

Para finalizar, segue o trailer (relíquia!) de O Corintiano (1966). O Filme, com Mazzaropi, é o reflexo da competitividade entre torcedores dos times brasileiros - no caso, representados por dois antigos rivais: Corínthians e Palmeiras. Sucesso de bilheteria, o longa inclui cenas reais de jogos e conta com participações dos jogadores Rivellino e Dino Sani.